domingo, 24 de janeiro de 2016

É, por certo, possível separar a actividade sexual do ser humano do apegamento (ou vinculação) afectivo.

António Damásio, in Ao encontro de Espinosa

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Introdução ao Bitaite

Após ter derrubado total e completamente as doutrinas tradicionais que pseudo garantem a obtenção de boas notas, creio que os caríssimos leitores estão aptos a atentar num conceito revolucionário que em muito facilitará as vossas vidas académicas: o Bitaite.
Como sabemos, o bitaite é uma condição sine qua non para o ser humano "ser". De facto, a sua importância traduz-se em todos os aspectos das nossas vidas, desdobremos uma simples actividade quotidiana como a "conversa de café".
Chegados a um café deparamo-nos com duas hipóteses: a) dar início ao processo da alcoolização e pedir um Old Parr [1]; b) optar, efectivamente, por um Momento Nicola. A alínea a), pressagia um futuro incerto, pelo que não nos permite tirar tantas ilações acerca da conversa que se estabelecerá; já a hipótese b) tem um grau de previsibilidade muito maior.
Analisemos então o que sucederá se optarmos pela alínea b) : juntamente com o referido café acende-se um cigarro e, se possível, folheia-se um jornal. O comum dos mortais tem por hábito comentar com os restantes os títulos que lhe chamam mais atenção e eis que surge uma discussão acesa sobre a Crise Económica, o Caso Freeport ou o Magalheins, aliás, Magalhães. No seio de uma discussão como esta, o espécimen português, dotado de uma invulgar "chico espertice" sente a necessidade de mandar o seu bitaite, ou seja, de dar a sua opinião, quantas vezes descabida, sobre o mais sério dos assuntos [2]. Ora, como não podemos negar as nossas origens e abdicar do nosso direito/dever de mandar um bitaite, visto que "desde os primórdios da nossa história estamos habituados a assistir à "chico espertice" portuguesa como grande motor da nossa sociedade", devemos sim aperfeiçoar esta capacidade que nos é igualmente útil em muitas outras circunstâncias, como durante o processo de responder a um exame ou de redigir um post para um blog aparentemente parvo.


[1] Contudo, recomendo vivamente que os caríssimos leitores pensem duas vezes antes de enveredar por este caminho que tem como destino final a "Penúria". Assim, se se quiserem embebedar, saiam do Cartola e rumem em direcção ao Troica!

[2] E eis um facto curioso, o nosso povo, que tanto gosto tem em pronunciar-se sobre o que quer que seja, elegeu um Presidente da República incapaz de o fazer.


Quem quer que sejas JFC gostaria de te dedicar este post, na esperança que, de certa forma, te esclareça.
As minhas desculpas sinceras por não te ter respondido com uma maior prontidão e a promessa de uma resposta decente ao teu comentário, capaz de moldar a tua opinião acerca das críticas tecidas às Teorias Cabulistas.

Atenciosamente, Ana Miguel

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Doutrinas Tradicionais que garantem a obtenção de boas notas: Cabulismo

Estava prestes a começar a explicitar e posteriormente refutar as teorias Cabulistas referindo-me aos pensadores que a defendem, contudo, rapidamente me apercebi que incorreria num erro crasso ao fazê-lo, pelo que reformularei estas minhas primeiras palavras.
Maçando não mais os caríssimos leitores com meras divagações, atentarei na exposição do teor das teorias Cabulistas, que não defendem mais do que o recurso a cábulas.
Advirto-os desde já que a definição que se segue não é da minha autoria [1], foi sim encontrada na Wikipédia, referência bibliográfica de relevante importância, que passo então a citar: "a típica cábula é um pequeno papel com resumos da matéria (principalmente definições e/ou fórmulas) escritos em letra muito pequena. Usa-se a letra o mais pequena possível para se pôr o máximo de matéria possível no menor espaço possível, por forma a manter a discrição e não se ser apanhado pelo professor ao utilizá-las. Para garantir que a letra está muito pequena, estas por vezes são feitas em computador usando um tipo de letra muito pequeno (6 ou menos) e depois impressas- para ser lidas às vezes utiliza-se um berlinde. Uma vez que as cábulas, regra geral, contêm o essencial da matéria, muitos professores recomendam que se façam cábulas como método de estudo, desde que não as usem nos exames ou, por outro lado, desde que não sejam apanhados".[2]
Ora, à semelhança da execução de resumos, também o processo de "fazer cábulas" se traduz no desperdício de uma quantidade absurda de tempo e papel. Não obstante, às cábulas é ainda inerente o factor risco, dado que existe uma grande probabilidade de não se ser bem sucedido e/ou apanhado.[3]
Concluímos então que esta doutrina não pode garantir a obtenção de boas notas, dado que os indivíduos não fazem mais do que copiar acriticamente os conteúdos plasmados nos seus "auxiliares de memória", ao invés de se sujeitarem a um processo de reflexão acerca do tema em causa que lhes permitiria a ilação de conclusões pertinentes e, na maior parte das vezes, acertadas. Este processo é o cimento unificador que nos permite um encadeamento sólido de ideias, dificilmente derrubáveis, que se traduzirão, obviamente, num bom bitaite - arte e engenho por detrás do qual aos poucos vai sendo desvelada aos atentos seguidores deste blog.


[1] É necessário ter em conta que as definições são o maior inimigo do bom bitaite, razão pela qual é aconselhável adaptar uma resposta a este tipo de pergunta a um outro tipo o diga-o-que-entende-por.

[2] Não querendo pôr em causa a veracidade e validade desta informação, acrescento ainda que muito me ensinou: não fazia ideia de que os berlindes tinham, de facto, alguma utilidade.

[3] Advirto contudo os leitores para o ensinamento que nos é transmitido pela sabedoria popular na forma de provérbio, não há regra sem excepção, e eis que nos surge o lendário Breviário de Bolso.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Doutrinas Tradicionais que garantem a obtenção de boas notas: Resumismo

Alguns pensadores, apesar de escassos, defendem a importância do processo de resumir a matéria estudada para que se consagre a assimilação dos conhecimentos.
Alegadamente, os resumos ajudam os indivíduos a interiorizar os conteúdos ao escreve-los freneticamente numa folha de papel, de qualidade e utilidade duvidosa [1]. Evidentemente, as teorias resumistas são alvo de numerosas críticas.
Antes de tecermos mais considerações sobre estas, facilmente nos apercebemos que esta linha de pensamento implica o estudo (palavrã[o] que a meu ver deveria ser banida/o da Língua Portuguesa e de impossível tradução para todas as restantes), razão pela qual facilmente asserimos que tem como antecedentes as teorias marronistas, previamente refutadas. Em suma, o Resumismo é uma versão mais hardcore do Marronismo - ! - pelo que deve ser evitado a todo o custo.
Temos ainda que ter em conta a estabelecida hierarquia das diferentes actividades [2], bem como o lugar de irrelevante importância que o estudo assume. Ora, se já é deveras difícil conciliá-lo com as actividades que têm efectivamente importância, fazer resumos não é mais do que um ideal utópico defendido por poucos, será este o ideal comunista renascido que prevalece nos dias de hoje? Provavelmente.


[1] Enquanto indivíduos dotados de consciência social, nomeadamente a nível ambiental, é necessário que estejamos alertados para o permanente abate a que está sujeita a Floresta Amazónica. O processo de desflorestação a que se alude não acontece apenas devido à necessidade de cultivar determinados alimentos (sujeitos ou não a alterações genéticas) em quantidades industriais, mas também tem como fundamento a produção massiva de papel.
Assim, o Resumismo é, a par com as empresas que obtêm os efectivos lucros da exploração dos recursos naturais do nosso planeta, responsável pela destruição de habitats e pela consequente extinção de toda uma série de espécies animais e vegetais.
Pelo ambiente, não façam resumos :)


[2] Ver Pirâmide Funcional do Tempo dedicado a cada actividade pela Dr.ª Rosa Bitaitão.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Doutrinas Tradicionais que garantem a obtenção de boas notas: Marronismo

As posições marronistas defendem que os indivíduos devem decorar exaustivamente toda uma série de conteúdos, de valor relativo, visando que estes sejam integral e totalmente plasmados no exame/ teste a que se está ou vai responder.

Obviamente, existem inúmeras críticas a esta doutrina, assinaladas pelos génios criadores do Bitaitismo, nomeadamente a Doutora Filipa José da Cunha Andrade. Para além da dificuldade inerente ao marronismo, o tempo é pouco e as actividades são inúmeras, pelo que não é de todo possível conciliar o carácter boémio que tão bem caracteriza a vida académica com o estudo que os cépticos teimam em defender como necessário. Consequentemente, surge-nos a necessidade de hierarquizar o dispêndio de tempo para as actividades que o típico estudante, ingratamente denominado por baldas, estabelece. Observemos então a pirâmide funcional do tempo dedicado a cada actividade, segundo a perspectiva da Dra. Rosa Bitaitão.

A estrutura desta pirâmide vem refutar por completo a teoria do marronismo, devido à empiricamente perceptível impossibilidade de conjugar as actividades mencionadas na mesma, atendendo à ordem de prioridades que esta estabelece e consagra.



Prefácio

O bitaite é inerente à natureza humana, todos nós, à medida que nos vamos desenvolvendo num plano temporal característico da própria constituição do ser humano, começamos a desenvolver o nosso espírito crítico que se radica na formação de uma opinião, isto é, um bitaite.
A sua importância tem um valor incalculável; é ela que nos permite afirmarmo-nos num grupo, assumindo uma determinado postura e comportamentos, mutatis mutandis, à autonomização e construção da nossa individualidade.
Não obstante, a arte de mandar bons bitaites é muitas vezes menosprezada. Não dedicarei muito tempo a refutar estas linhas de pensamento, dado que são exclusivamente defendidas pelos homus nerdus (aka nerds) que, ao longo da sua vida se limitam a decorar conteúdos, os quais, como os próprios leitores poderão concluir após uma leitura atenta destas páginas, não têm a importância que lhes é atribuída levianamente pelos referidos mortais.
Como sabemos, o Homem é um ser inacabado, pelo que chega a este mundo hostil desprovido de conhecimentos que lhe permitam a sobrevivência (isto é, a passagem às cadeiras). Neste sentido, podemos entender o bom bitaite como algo que onera o ser humano, possibilitando que este aproveite a vida enquanto vai respondendo aos problemas que lhe surgem (fazendo as cadeiras) sem grande esforço.
Assim, facilmente concluimos que "le bitaite c'est quelque chose d'universelle". Se analisarmos brevemente as diferentes funções sociais que os indivíduos desempenham na vida em sociedade, apercebemo-nos de que não todas, mas sim aquelas que implicam recurso ao intelecto radicam, basicamente, no recurso ao bitaite.
Modus concluendos, o bom bitaite é uma consequência da intelecção e, cada vez que a utilizamos, recorremos, ou pelo menos deveríamos, à nobre arte de mandar um bom bitaite, que será deste modo desmistificada, nos posts deste blog, projecto que apenas se veio a concretizar graças ao impulso dado de pela genial Dra. Outra e Dr. Sabe Tudo.